26 janeiro 2014

josé maría cumbreño / herculano



Coloquei sobre a mesa
algumas nozes e escudelas com vinho quente.
Renovei as flores
nas ânforas de barro.
Mandei acender todas as lucernas,
perfumar a câmara com aroma de incenso.
Sem demora,
pedi em voz baixa que não me incomodassem,
que ninguém me interrompesse até à alvorada.
Até que amanhecesse.

Quando os meus escravos vierem
despertar-me
e me encontrarem sentado
frente à janela.
Sentado e em silêncio.
Quando, por acaso, os meus olhos longe distinguirem
a luz de sal do novo dia,
de um dia que não irá alumiá-los,
enquanto perguntam
- meu senhor, a refeição -
quanto tardará o efeito do veneno.



josé maría cumbreño
las ciudades de la llanura
tradução de ruy ventura.
editora regional de extremadura
2000





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