Desde o Natal que eles têm vivido connosco,
Simples
E transparentes,
Ovais animais com alma,
Movendo-se e roçando-se nas sedosas
E etéreas correntes de ar
A guinarem e a rebentarem
Quando atacados, depois fugindo a toda a pressa para uma calma
ainda tremente.
Serviola amarela, chúmbea azul –
Tais são as estranhas luas com que vivemos,
Não com mobília fúnebre!
Tapetes de corda, paredes brancas
E estes viajantes
Globos de ar fino, vermelhos, verdes,
A encantar
O coração como desejos ou os livres
Pavões que abençoam
O chão antigo com uma das suas penas
Embutida no fundo de eças de metal luzente.
O teu irmão
Mais pequeno faz
O balão dele guinchar como um gato.
Parece estar a ver
Através dele um divertido mundo cor-de-rosa que talvez possa
comer,
Morde,
Depois senta-se
De novo, pote gordo
A admirar um mundo transparente como a água.
Um resto de vermelho
Esfarrapado na sua mão pequena.
sylvia plath
ariel
trad. maria fernanda borges
relógio d´ água
1996