11 outubro 2024

louise glück / campainhas-de-inverno

  
 
Sabes o que eu era, como vivia? Conheces
o desespero; então
o Inverno há-de fazer-te sentido.
 
Nunca esperei sobreviver
com a terra a sufocar-me. Não esperei nunca
tornar a acordar, sentir
na terra húmida o meu corpo
capaz de reagir de novo, de se lembrar
depois de tanto tempo como abrir-se
de novo à luz fria
da mais primeira Primavera –
 
com medo, sim, mas de novo entre vós
chorando sim arriscando a alegria
 
ao vento agreste e nu do mundo novo.
 
 
 
louise glück
a íris selvagem
tradução de ana luísa amaral
relógio d´água
2020





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