Adeus Emile sempre te quis bem
Adeus Emile sempre te quis bem sabes
Cantámos os mesmos vinhos
Cantámos as mesmas mulheres
Cantámos os mesmos desgostos
Adeus Emile vou morrer
Não é fácil morrer na Primavera sabes
Mas lá vou para o meu canteiro com a alma em paz
Porque já que és bom como o pão branco
Sei que cuidarás da minha mulher
E que todos riam
E que todos dancem
E que todos se divirtam como loucos
E que todos riam
E que todos dancem
No dia em que me meterem na cova
Adeus Cura sempre te quis bem
Adeus Cura sempre te quis bem sabes
Não líamos pela mesma cartilha
Não seguíamos as mesmas vias
Mas demandávamos o mesmo porto
Adeus Cura vou morrer
Não é fácil morrer na Primavera sabes
Mas lá vou para o meu canteiro com a alma em paz
Porque já que tu eras seu confidente
Sei que cuidarás da minha mulher
E que todos riam
E que todos dancem
E que todos se divirtam como loucos
E que todos riam
E que todos dancem
No dia em que me meterem na cova
Adeus Antoine sempre te quis bem
Adeus Antoine sempre te quis bem sabes
Estou lixado por morrer hoje
Ao passo que tu estás bem vivo
E até mais rijo que o tédio
Adeus Antoine vou morrer
Não é fácil morrer na Primavera sabes
Mas lá vou para o meu canteiro com a alma em paz
Porque já que eras seu amante
Sei que cuidarás da minha mulher
E que todos riam
E que todos dancem
E que todos se divirtam como loucos
E que todos riam
E que todos dancem
No dia em que me meterem na cova
Adeus mulher sempre te quis bem
Adeus mulher sempre te quis bem sabes
Vou tomar o comboio de ver a Deus
Vou tomar o comboio que sai antes do teu
Mas cada um toma o comboio que pode
Adeus mulher vou morrer
Não é fácil morrer na Primavera sabes
Mas lá vou para o meu canteiro de olhos fechados mulher
Porque já que por ti amiúde os fechei
Sei que cuidarás da minha alma
E que todos riam
E que todos dancem
E que todos se divirtam como loucos
E que todos riam
E que todos dancem
No dia em que me meterem na cova
jacques brel
antologia poética
trad. eduardo maia
assírio & alvim
1997