23 setembro 2025

primo levi / as estrelas negras

  
 
Não mais um canto de amor ou de guerra.
 
 
A ordem de onde o cosmos trazia o nome desfez-se;
As legiões celestes são um emaranhado de monstros,
O universo assedia-nos cego, violento e estranho.
O céu está cheio de horríveis sóis mortos,
Sedimentos densíssimos de átomos triturados.
Deles nada emana, senão uma gravidade desesperada,
Nem energia, nem mensagens, nem partículas, nem luz;
A própria luz deixa-se cair, quebrada pelo seu próprio peso,
E todos nós, semente humana, vivemos e morremos para nada,
E os céus revolvem-se perpetuamente em vão.
 
30 de Novembro, 1974
 
 
 
primo levi
a uma hora incerta
trad. rui miguel ribeiro
edições do saguão
2024
 



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