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10 novembro 2025

alain bosquet / três poemas

  
 
3
Em nome das nostalgias
que formam este cristal.
Em nome do verbo massacrado
donde saem as cegonhas.
Em nome do mistério antigo
que junte a montanha
aos cetáceos do crepúsculo.
Em nome do gosto pelo desgosto
vigilante no fundo da inocência.
Em nome de uma enfermidade
Que diz ser a nossa glória.



alain bosquet
trad. de eugénio de andrade
hífen 5 março
cadernos semestrais de poesia
tradução
1990




 

08 outubro 2021

alain bosquet / três poemas

 
 
2
Deus diz: «Entre mim e eu
sinto que me falta
uma espécie de doçura;
por isso improviso um colibri,
algum orvalho,
uma ilha muito leve,
um canto de amor, um sonhar intermitente
onde um outro deus se passeia.»
 
 

alain bosquet
trad. de eugénio de andrade
hífen 5 março
cadernos semestrais de poesia
tradução
1990





06 fevereiro 2020

alain bosquet / três poemas



1
Em cada ave dormia uma montanha.
Em cada mão o réptil sagrado
Vinha comer o sal. Nas ruas do porto
Um bispo velho interrogava a árvore.
O vinho andava nu, e havia perto do rio
quem chorasse as savanas perdidas
depois do seu encontro com a neve.
Como o fogo lhe faltasse, o feiticeiro
casou com a cidade enquanto ardia.


alain bosquet
trad. de eugénio de andrade
hífen 5 março
cadernos semestrais de poesia
tradução
1990