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04 maio 2015

michális ganas / perplexidade



Passas junto aos outros,
Medes-te às ocultas,
Dão-te por cima da tola.
Onde escondem eles
o corpo ajoelhado?
Na mala de couro
ou na alma de palha?

Disparam baixo as metralhadoras
ou te esquivas ou levantas voo.


michális ganas
(n. 1943)
«akáthistos deipnos»
atenas, 1985
tradução de manuel  resende




27 dezembro 2014

michális ganas / naufrágio



A casa é velha cai caliça
Medem-se os flancos da parede.
Lá dentro a mãe
cá fora o polegar de deus,
que há-de destruí-la.
Vás para que canto vás,
as coisas voltam-se para te fitar,
vacas com sede.

Por detrás dos armários da cozinha
há outros armários
e por trás destes, ainda outros
até ao velho frigorífico.
Aqui adormecem as suas mãos artríticas
a senhora Lena e a senhora Maria...

A velha casa, que muito viajou,
de repente faz memórias, naufraga.


  
michális ganas
(n. 1943)
«akáthistos deipnos»
atenas, 1985
tradução de manuel  resende




21 janeiro 2013

michális ganas / pancadas surdas


  

É obra conhecer as nossas dificuldades
articular a alma
num problema difícil de palavras-cruzadas,
umas vezes na vertical, outras na horizontal,
passando a cada passo
por uns grandes quadrados negros,
tropeçando em amigos esquecidos.
Circunspectos habitualmente
por vezes insinceros
cheios de marcas de pancadas surdas.
Perguntamos como foi
e uns dizem
que escorregaram na banheira
e outros dizem
que escorregaram na rua,
esta terra anda cheia de cascas de banana.




michális ganas
(n. 1943)
«akáthistos deipnos»
atenas, 1985
tradução de manuel resende



29 janeiro 2012

michális ganas / porta



Porta cheia de nós
remorsos da nogueira.
Gravas as tuas iniciais a canivete,
vais para a escola atrasado.
O professor que bata,
tens na boca
o gosto da imortalidade.

Diz-me se encontraste o canivete.
A porta, sei que a mudaram.





michális ganas
akáthistos deipnos
atenas, 1985.
tradução de manuel  resende