Nos vastos jardins sem madrugada;
Onde eu seja somente
Lembrança de uma pedra sepultada entre urtigas
Sobre a qual o vento foge à sua insónia.
O corpo que ele aponta entre os braços dos séculos,
Onde o desejo não exista.
Não esconda como espada
A sua asa em meu peito,
Sorrindo cheio de graça etérea enquanto cresce a dor.
Submetendo a sua vida a outra vida.
Sem mais horizonte que outros olhos frente a frente.
Céu e terra nativos em redor de uma lembrança;
Onde ao fim fique livre sem eu mesmo o saber,
Dissolvido em névoa, ausência,
Ausência leve como a carne de uma criança.
Onde habite o esquecimento.
antologia da poesia espanhola contemporânea
selecção e tradução de josé bento
assírio & alvim
1985
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