01 agosto 2022

josé maria valverde / o céu envenenado

 
 
Meus filhos, as chuvas deste outono
vão ser, outra vez, doces e amáveis.
Mas não vos molheis muito, ninguém sabe
o que se passa com os seus átomos feridos.
Pelos vistos, a palavra do futuro
num mundo feliz e livre, obriga
agora a este veneno nas vossas medulas.
Perdoem-nos, a mim e à vossa mãe,
que nos quiséssemos quando começavam já
a ocorrer estas coisas sobre a terra.
 
 
josé maria valverde
iluminação do eu
antologia de poesia hispano-americana
tradução de daniel ferreira
contracapa
2021
 

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