04 novembro 2020

philip larkin / sexta à noite no hotel royal station

 
 
A luz desce e alastra obscuramente lá do alto
Dos cachos de luzes por sobre cadeiras vazias
De frente umas para as outras, em tons variados.
Pelas portas abertas, a sala de jantar afirma
Uma solidão mais vasta, de facas e copos
E silêncio assente como alcatifa. Um criado lê
Um vespertino que ficou. Passam as horas
E os vendedores já voltaram todos para Leeds,
Deixando cinzeiros atulhados na Sala de Congressos.
 
Nos corredores sem sapatos, ardem as luzes. Como
Fica isolado, que nem uma fortaleza –
O papel timbrado, feito para enviar para casa
(Se isso existisse) cartas de exílio: Agora
Avança a noite. Em ondas para lá das aldeias.
 
 
 
philip larkin
janelas altas
trad. rui carvalho homem
cotovia
2004

 





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