24 novembro 2020

jack gilbert / para ver se algo vem depois

 
 
Não há nada aqui no cimo do vale.
Céu e manhã, silêncio e o cheiro seco
da pesada luz solar na pedra, por toda a parte.
Cabras, ocasionalmente, e o som dos galos
no vivo calor onde ele vive com a mulher
morta e a pureza. Tentando ver se algo
vem depois. Perguntando-se se terá estagnado.
Talvez, pensa, seja como o Nó: sempre
que o guião pede dança, faça o actor o que fizer
é uma dança. Se permanecer quieto, está a dançar.
 
 
 
jack gilbert
deixem-me ser ambos
trad. leonor castro nunes e marcos pereira
DeStrauss
2020





2 comentários:

Janita disse...

O depois que nunca vem e, quando algo novo vem, nunca é o que se esperava. Neste Nó da Vida o guião é que dita a lei...façamos o que fizermos para contrariar o roteiro. :)

Sei que não sabe nem vai saber, presumo, mas já o tenho lá no meu cantinho. Não libertei a cx. de comentários, apenas e só, por o Gil ser quase uma figura mítica.
Sabemos que existe, mas nunca se vê.
Gostei do que li pelos seus espaços e gostaria que outros bloggers o lessem e apreciassem.

Janita disse...

Na verdade, o que eu quis dizer ao referir a não aceitação de comentários, é que não saberia bem como dialogar com os leitores sobre um Poeta de quem eu tão pouco sei e nem conheço.
Espero não lhe ter passado uma ideia negativa acerca desse facto. Obrigada pela compreensão.