à profundidade da água
a incerteza desagua
os passos que dava
um pensamento heróico de absolutos
sentado naquele alpendre
coberto de orvalho
de onde via o mar
para quebrar os pecíolos
de um quotidiano
não é igual à ambição de outros
quando colhíamos
açucenas dos naufrágios
retirava às dunas um navio ferrugento.
ao lado dava-lhe substantivos.
a luz cansa.
em breve chega o outono,
a dobra dos lençóis,
as crianças da escola,
a oração dos rostos.
que a vida
é um sonho desnecessário.
não nos devoram
as entranhas
os príncipes da igreja.
escrever foi um engano
o correio dos navios
2001
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