foto: wladimir vaz |
sou parte da aritmética louca:
do podre surge o mofo
flor fruto vida e morte
círculo eterno
de criar restos
desintegrar
e refazer o mundo.
sou o outro a outra
aquele e aquilo
e sei que existem mortos
que esperam o verbo certo
para subir aos céus.
sou um punhado de dias de que não me lembro
as tardes que perdi no horizonte
o soldado morto de alguma guerra esquecida
a família no campo depois da seca
a terra dura
o solo pueril
a despedida
a colheita que não vingou
o tempo de promessa esquecido.
sou os barcos perdidos
o sonho de Ícaro
a alquimia de Melquíades
os espantos de Pedro
as rezas de Maria
a primeira estrela existiu
e a luz que transporta a mensagem
do seu próprio fim.
é a finitude que nos abre o infinito.
tiago fabris rendelli
& wladimir vaz
terra seca
editora urutau
2017
1 comentário:
Quem sabe se na infinitude está o começo.
Um sorriso de luz.
Megy Maia
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