O cutelo vai cair
Sobre o pescoço condenado
Um herói privado de armas
Uma mãe morta de cansaço
O sono junta-os a ambos
A manhã mal os desperta
Dissolve-os a fadiga
E a miséria separa-os
Vejo as costas de um casaco cinzento
Numa rua baixa sob a chuva
Vejo pigmeus sem consciência
Saudarem as bandeiras e orarem
Vejo soldados no meio da lama
Saudarem as balas com a cabeça
Vejo as casas demolidas
Como que por prazer para uma festa
Vejo um ventre escancarado
Às moscas ao sol apodrecido
paul éluard
algumas das palavras
trad. antónio ramos rosa e luiza neto jorge
publicações dom quixote
1977
Sem comentários:
Enviar um comentário