À primeira dentada,
como um daqueles peixes
escorregadios, raiados de sangue,
derramados sobre o mármore das bancadas,
a maçã foge-me
por entre os dedos e desaba
no chão sujo coberto
de escamas e água negra,
consigo vê-la a cair, a chocar,
depois, num sufoco, a rolar
até embater numa caixa de madeira
cheia de folhas de alface
apodrecidas. E ali fica, perdida,
mordida uma única
vez, longe das minhas mãos,
pardais tombados
no ar com assombro. Descubro que
no mundo não há coisa mais triste
que os olhos castanhos
da minha jovem
mãe.
luís filipe parrado
nervo/1
colectivo de poesia
janeiro/abril 2018
2 comentários:
Adorei.
Poema poderoso, com verve.
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