Não há nada, já se sabe,
A que a morte
Não arranque o lacre.
De volta a casa, a porta
Estava mal fechada,
Para não dizer aberta.
Morrera há pouco tempo,
Desfeito em poucas horas. Mas
Vi o que os mortos, realmente,
Não podem ver:
A casa atravessada pela minha morte
Acabada de estrear,
Apenas um pouco espantada,
Quente ainda do calor
Que me deixara,
Quebrada a tranca,
Vão o ferrolho,
Vasto o ar que em meu redor
Me tornava tão ínfimo na morte.
– Uma após outra, as avenidas
despertavam em Milão, alheias
a todo este vento.
vittorio sereni
tradução de ernesto sampaio
a rosa do mundo 2001 poemas para
o futuro
assírio & alvim
2001
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