Na primeira foto ela ri,
selvagem,
e se mistura às amigas.
Um ano mais tarde,
posa com as mãos no colo,
coluna reta,
os pés cruzados pra trás.
Por dentro do uniforme pressente
uma mulher, a passos largos,
galgando as ruas de grandes cidades
– quem sabe, no exterior.
Quando a vi, ali, distraída,
na escada do ônibus escolar,
nada me preparou para as suas pernas abertas,
no meio a flor dilacerada
repetindo, entre as coxas,
o buraco da bala no peito:
um dois pontos insólito.
claudia roquette-pinto
relâmpago
revista de poesia nº. 14
abril de 2004
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