Quero uma vida
em forma de espinha
Num prato azul
Quero uma vida
em forma de coisa
No fundo dum
sítio sozinho
Quero uma vida
em forma de areia nas minhas mãos
Em forma de pão
verde ou de cântara
Em forma de
sapata mole
Em forma de
tanglomanglo
De
limpa-chaminés ou de lilás
De terra cheia
de calhaus
De cabeleireiro
selvagem ou de édredon louco
Quero uma vida
em forma de ti
E tenho-a mas
ainda não é bastante
Eu nunca estou
contente
boris vian
canções e poemas
tradução de
irene freire nunes e fernando cabral martins
assírio &
alvim
1997
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