Quando um cão uiva é como se o
fizesse do interior dos nossos ossos e os pusesse à mostra, os confundisse com
aquilo que nos cerca, de algum modo então o nosso esqueleto integra o pátio, a
roupa branca pendurada, a pilha de tijolos, há entre tudo isso e os nossos
ossos uma afinidade a que somente o cão, como se o mar todo lhe pesasse na
garganta, empresta nitidez.
luís miguel nava
poesia completa (1979-1994)
rebentação
publicações dom quixote
2002
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