Ouvia-te falar e sentia
as chamas retomarem
as paredes do teu coração
de igreja abandonada.
O céu, nessa tarde,
era um leque de lantejoulas
ao rés do teu sorriso
e dos meus olhos encandeados.
Doía-me esse excesso de luz
que te fazia toda sombra,
o crepitar morno da pele
antes do incêndio consumado.
Sempre que dizias o seu nome,
Riscavas outro fósforo ─
ele avançava dentro de ti,
nas mãos uma vela prestes a
cair.
Amo demasiado o fogo
para a suster. Prefiro
redesenhar as nossas cicatrizes,
ser depois a memória da pedra
fria em pleno Verão.
inês dias
resumo
a poesia em 2011
assírio & alvim
2012
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