16 junho 2007

lucidez impura






numa falésia de silêncio
há um colar de palavras a arder

todos os ventos amargos
vieram morar na minha cabeça

morrem-me nos lábios
um a um
os verbos mais belos

que demoradamente se extinguem
e te arrastam

levam-te de mim
como se fosses todo o verde
que havia num deserto

e eu ergo esta saudade
para não te perder

na crueldade de Dezembro
a construo

porque nenhum outro tempo
te pode incluir








gil t. sousa
poemas
2001



5 comentários:

DNS disse...

excelente ritmo

sentido, abafado e silencioso

morrem mesmo os verbos.

Photoptero disse...

"numa falésia de silêncio
há um colar de palavras a arder"
gostei muito.

Van disse...

E eu me levanto pra te aplaudir!!!!
E eu me abaixo pra te venerar!!!
MARAVILHOSO isso, Gil!
Posso citar (com os devidos créditos, claro) esse poema no meu blog?
Aguardo autorização ou recusa.
De qualquer maneira, parabéns!
Me tocou profundamente!
Beijos

Van disse...

Gil...
Respondendo ao teu comentário:
E que alma!!!!!!

Beijuca

Atit Ordep disse...

Bom poema, bom poeta...
não conhecia. parabéns.