Quando deixávamos que o silêncio
deslizasse sobre nós nada tínhamos.
Era nossa a manhã
aberta ao sol e à luz do verão.
Não nos custava nada
sentarmo-nos à beira do caminho
à espera de que outra noite,
com o seu passo tranquilo, viesse buscar-nos.
Como já disse, nada tínhamos.
Nem pressa, nem calma, nem sequer recordações.
Éramos só (juntos e desconhecidos)
a memória que agora temos,
ou estas palavras.
antón garcia
trad. luís filipe parrado
nervo/11
colectivo de poesia
maio/agosto 2021