Não me
venham dizer que há remédio:
nada
substitui a presença das coisas,
a presença
material das coisas.
Os dias da
morte
gravitam no
escuro,
enquanto
acendo fósforos de sombra
à tua
procura nas gavetas,
nos
armários, nas cabines,
em todos os
lugares
onde
fatalmente
tu não
estás.
Nenhum
prodígio pode reconstituir
a tua voz, o
sorriso interior da tua boca,
voz humana,
acesa no peito,
cujas
palavras eram como labaredas.
Só o
silêncio comemora o facto
de teres
vivido como o álcool,
possuindo
possuída,
com as
artérias cheias de vinho doce
- corpo de
vaso e sangue de licor.
albano martins
assim são as algas
campo das
letras
2000