Escrevo em terramotos,
E se algumas palavras
Deslizam para longe
A culpa é só da crosta da terra
Pela sua falta de estabilidade.
Nem sabes
Quando se abre um vulcão sob a tua mesa,
E depois de um dia de trabalho
Podes assinar directamente na cinza.
Todas as coisas mudam
De lugar,
A lâmpada do tecto chega-me abaixo do queixo.
A montanha no horizonte entrou-me na boca,
Mordaça de que os restos
Vão ainda ser cuspidos
Pelos meus descendentes até à sétima geração.
A folhagem do cimo das árvores
Mudou-se para dentro do solo
Com medo dos terramotos,
Muitos dos meus antepassados
Mudaram-se para dentro do solo
Com medo dos terramotos.
Só eu continuo a tentar ligar,
Como carris após o descarrilamento
Estas duas palavras,
Que fogem, uma para um lado
Outra para o outro,
Enlouquecidas de terror.
marin sorescu
simetria
tradução colectiva revista, completada e apresentada
por egito gonçalves
poetas em mateus
quetzal
1997