O deserto sem nexo, inesperado, tal como surge
metaforicamente sentido no imponderável percurso de além-tréguas. Sobrecadência
de algum meio-dia já percorrido, já esgotado (em corridas, em percursos
múltiplos), e aí se anuncia um excedente percurso a acometer e nesse percurso
se revela o deserto. É a experiência pura da terra abrasada, desassombrada,
enigmática de neutra. Estranha ao caminhante. Envolve a luz, a distância e a
mortalidade consumada do caminhante. A finitude, e os vários amarelos dessas
horas solares. Meio-dia, ou mais uma, duas, até sete meias-horas após o
meio-dia: as horas magnas da imolação desértica. Em qualquer estrada anexa a um
lugar povoado, ao sul. Espírito dos lugares circunvalantes, nas 7 meias-horas
do meio-dia, ao sul. Experiência que pode ser instantânea, intervalar. Basta que
surja sobre, a mais que, a cadência adquirida de uma manhã esgotada. É nesse
além-tréguas, nessa sobre intimidade que o deserto consiste. Ir de rastos,
a-té-ao-fim-do-es-pa-ço.
álvaro lapa
sião
organização de al berto, paulo da costa domingos
e rui baião
frenesi
1987