O corpo sabe.
O corpo não esqueceu ainda
a direcção do sol:
fará a casa perto do mar,
fiel ao quase adolescente
coração da água.
As mãos acesas – altas, altas.
O mar – sempre que toco
um corpo é o mar que sinto
onda a onda
contra a palma da mão.
Vésper está agora
tão próxima que já não posso
perder-me naquela infatigável
ondulação.
Vinha do mar.
A sua boca ardia.
Só casualmente passou por aqui.
Como o tordo branco. E a cotovia.
Vem das ilhas ou dum verso de Homero.
Como dormir, depois de ter ouvido
o mar o mar o mar na sua boca?
hífen 1 out. 87/ mar. 88
cadernos semestrais de poesia
1987
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