Cilindros ao longo do asfalto
esmagam a tua memória sem sentido.
É o Inverno em Borba, não recordo
quase nada de ti. Vejo o trabalho
destes homens com suas pás, seus maços,
paro um momento à beira deles
para acender um cigarro. «Compadre,
tenho um irmão na Angola!» E nada sabem
do gelo que nascia em tua boca.
Levo outro amor mais claro do que o teu.
Não te recordo já: talvez morresses
antes de ser memória, chuva, e a noite.
fernando assis pacheco
cuidar dos vivos (1963)
a musa irregular
tinta-da-china
2019
1 comentário:
Lindo, lindo, lindo...também tenho um espaço de poesia e seria uma horna ter sua visita por lá(https://gustavoreymond.blogspot.com)Muito obrigado!
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