29 junho 2015

antónio franco alexandre / quando falo de lugares cidades países



quando falo de lugares cidades países
não são viagens não são imagens para ter à sobremesa ou vestidas de cão
à hora de fugir no saco com gavetas incerto voante por Sintra
de nada servirá sentares-te ao espelho no meio de tanto gado e porcelanas
sorridente amável satanás de província
abres os olhos sobre os teus olhos intemerato pensa-dor
e as coisas ardem por dentro alheias á tua memória
a terra imóvel apesar de toda a árdua astronomia E eis senão quando


as carruagens apressam o passo para o cais
cavalos pesarosos com coloridas grinaldas militares É altura de exclamares avidamente
Paris, Berlim, São Petersburgo, o Mundo! Como quem engole lorenine
antes da neve pedra cair por dentro como um coágulo de vozes
um pássaro cai na água adormecido por um tiro arriscando-se a uma morte prematura
a cada passo tropeço em ti E este é um poema de amor encomendado de véspera
embrulho-me nele acordo com a tua boca húmida nos cabelos
não direi que te amo

  

antónio franco alexandre





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