II
É nos
países frequentados que existem os maiores silêncios, nos países frequentados
de gafanhotos ao meio-dia.
Eu caminho,
vós caminhais num país d´altas encostas de cidreiras, onde se põe a corar a
roupa dos Grandes.
Passamos
por cima do vestido da Rainha, todo em renda com duas bandas de cor trigueira
(ah! como o corpo ácido da mulher sabe manchar um vestido no sítio da axila!).
Passamos
por cima do vestido de Sua filha, todo em renda com duas bandas de cor viva
(ah! como a língua do lagarto sabe colher as formigas no sítio da axila!).
E talvez
o dia não se escoe sem que um mesmo homem tenha ardido por uma mulher e por sua
filha.
Sábio riso
dos mortos, pelem-se estes frutos!... E quê! já não existe graça no mundo sob a
rosa selvagem?
Vem sobre
as águas, desse lado do mundo, um grande mal violeta. Ergue-se o vento. Vento de
mar. E a roupa
vai-se!
como um padre feito em pedaços…
saint-john perse
anabase
trad.
josé daniel ribeiro
relógio d´água
1992
Sem comentários:
Enviar um comentário