Eu estimo
sobre tudo os teus olhos incolores
as tuas mãos
inúteis, a tua boca verde
Eu falo
somente dos relógios caídos, dos autocarros
Eu falo
somente dos pés vermelhos
Eu falo...
eu falo... eu falo...
No vigésimo
século as nuvens são árvores
e os
pássaros mais pequenos grandes paquidermes
Sim, é
verdade, os cabelos loiros
Então,
meia-noite!
Senhora, se
me dá licença, este dia acabou
por este dia
simplesmente
A criança é
porca, é inútil
Muito
obrigado.
antónio maria lisboa
edoi lelia doura,
antologia das vozes comunicantes da poesia
portuguesa
organizada
por h. helder
assírio
& alvim
1985
1 comentário:
Caro, António, um dos meus grandes prazeres é te encontrar numa rua isolada da minha cega caminhada!
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