Temi o verão, o tempo.
Aproximava-se.
Vi-o transparecer do que é
parado,
de bermas e de vistas.
As pedras de Marvão estavam
ligadas,
no miradouro, às pedras
de paisagem. Em tudo era a
passagem
da temperatura, o verão
que começava - eu vi - entre
muralhas, as aves,
as gralhas de alentejo
transmudavam-se
tão quentes, como poderiam
ser os fogos
da vila mais vorazes?
esses fogos nas lajes, a
mesma combustão
das pedras, a denegrida pele
dessas lareiras
em redor.
O temor - era o poente -
então reverberava
sobre as partes do horizonte,
o monte só
da vila, logo a extensão das
terras
baixas, brenhas, os tumultos
de um miradouro alto
despenhado
sobre sopés, profusos
traços de uma estação de
tempo
que me deteve,
tépida, no miradouro, assim
como
temendo a posição de ver
temia a vez
da solidão.
fiama hasse pais brandão
líricas portuguesas
edições 70
1983
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