É o que se
chama um "higiénico": latas,
comida feita
e embalada, whisky,
cerveja ou
vinho (quando não os três).
Deve
beber-lhe bem e mudar pelo menos
duas vezes
por semana a areia do gato.
É tímido,
inseguro e - por isso mesmo -
extremamente
rápido a arrumar as compras.
Vai pagar
outra vez com cartão. Hoje
parece mais
triste, talvez por no seu íntimo
saber já que
vai escrever um poema
sobre mim,
mera ajudante de leitura
dos códigos
fatais em que cada um se expõe.
Mas para quê
tantas palavras? Bastava-lhe
ter dito que
me chamo Isilda
e que a vida
que tenho não presta. A dele,
suponho, não
será muito mais feliz.
Escusava era
de maçar a gente
com o que
sofre ou deixa de sofrer.
A minha
sabedoria é muda, desumana:
um dia
enlouqueço ou fico para sempre presa
a um
pesadelo sentado, com barras transparentes.
manuel de freitas
isilda ou a nudez dos códigos de barras
black son
editores
2001
1 comentário:
Gostei do seu espaço, interessante...parabéns
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