Ouço-te
a ser rara
a estrela
no espaço
onde algo
se desprende
e quase tudo
se desmonta
Ouço-te
a virar
os paus
a comer
vestígios
importantes
e estás
em apuros
com as noites
estás em
ponta fina
de margens
dadas
os braços
pelo pó
e os olhos
por força maior
Ouço-te
ao aparecer
da vista
e do tacto
e estás incólume
de mim
das causas
disso
dos porquês
daquilo
miguel esteves cardoso
sema
publicação sazonal de artes e letras
ano I, n.º 2,
verão 1979
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