25 março 2007

o pai




1

Um pai morto talvez tivesse
Sido um pai melhor. Melhor ainda
É um pai nado-morto.
Volta sempre a crescer erva sobre a fronteira.
Tem de ser arrancada a erva
Sempre sempre a erva que cresce sobre a fronteira.


2

Gostava que o meu pai tivesse sido um tubarão
E despedaçado quarenta pescadores de baleias
(E eu aprendido a nadar no seu sangue)
A minha mãe uma baleia azul o meu nome Lautréamont
Falecido em Paris
Incógnito em 1871









heiner müller
o anjo do desespero
trad. joão barrento
relógio d´ água
1997





2 comentários:

Anónimo disse...

Descubro este blog por acaso deslumbro-me com uma excelente escolha de poemas. Parabéns e obrigado. Voltarei mais vezes.

Virgílio Vieira Tebas disse...

obrigado e felicidades,
v.