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08 fevereiro 2016

kálas / xadrez



Um mundo – um mundo rectangular este meu mundo.
Nas suas simplificadas dimensões se emboscam os
      horizontes do dia, a superfície contrastante do equinócio.
Todos os crimes da vida – astúcias homicídios – revivem
      na madrepérola e no ónix onde penosamente se
      deslocam os símbolos de marfim, os ídolos de coral da
      mente impiedosa.
O itinerário deles, suas paradas perigosas, seus
      desapontamentos e pilhagens – alegrias do que foi outrora
      coração.
Agora com algum raro movimento de mão ela busca
      complicar o jogo árido.
As violações, o sangue derramado, o que na alma existe
      de secreto, nada disso se mostra nas austeras variações.
Aqueles porém que conhecem as regras vêem ao espelho
      as terríveis imagens que os dois jogadores encerraram
      no quadrado de ébano e que tentam dissimular com
      bonecos simplórios.



kálas
a rosa do mundo 2001 poemas para o futuro
tradução josé paulo paes 
assírio & alvim
2001