Um mundo – um mundo rectangular este meu mundo.
Nas suas simplificadas dimensões se emboscam os
horizontes do dia, a
superfície contrastante do equinócio.
Todos os crimes da vida – astúcias homicídios – revivem
na madrepérola e no ónix onde
penosamente se
deslocam os símbolos de
marfim, os ídolos de coral da
mente impiedosa.
O itinerário deles, suas paradas perigosas, seus
desapontamentos e pilhagens
– alegrias do que foi outrora
coração.
Agora com algum raro movimento de mão ela busca
complicar o jogo árido.
As violações, o sangue derramado, o que na alma existe
de secreto, nada disso se
mostra nas austeras variações.
Aqueles porém que conhecem as regras vêem ao espelho
as terríveis imagens que os
dois jogadores encerraram
no quadrado de ébano e que
tentam dissimular com
bonecos simplórios.
kálas
a rosa do mundo 2001 poemas para
o futuro
tradução josé paulo paes
assírio & alvim
2001