Por meus lados adormecidos, sempre atrás de uma claridade
desci até olhar-me de frente.
Escrevo as tristezas com minha velha flauta de sombras
enquanto nos copos de vinho bebo meus diversos rostos.
Sem chorar despojando-me de tantos enigmas mortais
aguardo a alma que fugitiva vem do seu passado
em busca de uma fronte adormecida para descer para a noite.
Quero estar sozinho em meu grande espectro, meus olhos desertos,
meus cantos doem-me porque não findam em seu próprio delírio,
mal reluzo neles, mal vou escorrendo
como o orvalho desce dos olhos das sombras.
Quero ser meu próprio testemunho, a realidade de meu signo,
mas, – que povoado imenso
galopa, respira, sofre?
O peito de raiz perturbado está com substâncias alheias.
Vacila esta veia que entra à minha frente vinda do crepúsculo,
tão vasta como o passado de fogo de uma estrela,
deixa-me seus sinais de luz mas
seu esconjuro não consegue
que esta fronte asile também nós
malignos.
Ah, a alma volte a fugir com os pés gelados do susto,
no meu interior com cilício estou para devolver ao dia.
humberto díaz casanueva
a rosa do mundo 2001 poemas para
o futuro
tradução de josé bento
assírio & alvim
2001