(1923)
Terça-feira, 18 de Setembro
Muito bem. Todos envelhecemos; ficamos mais
encorpados: perdemos a nossa flexibilidade e impressionabilidade. Até o Morgan
me parece estar alicerçado nalguma rocha oculta. Falando de Proust e Lawrence,
ele disse que preferia ser o Lawrence; mas preferia muito mais ser ele próprio.
Discutimos os seus romances. Não julgo que seja um romancista, disse ele. De repente
eu disse: “Não, não acho que seja.” Ah, exclamou ele avidamente, interessado,
nada decepcionado. Mas o L. contestou isto. “Não estou de modo algum abatido
por causa da minha carreira literária”, disse ele. Acho que decidiu que tem
muito a que recorrer. É reservado, sereno, um snob, diz ele, que só lê obras-primas. Tivemos uma longa cavaqueira
sobre criadas. Mas está a ficar frio e escuro. Vou sair para ir ao encontro do
L.
virgínia
woolf
diários
trad. jorge vaz de carvalho
relógio d´água
2018
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