continente
enquanto adulamos as nossas tradições falhadas,
muitas vezes matamos para as preservar
ou às vezes matamos só por matar.
parece não ter importância: as respostas balouçam
fora do alcance,
fora de mão, fora da mente.
os líderes do presente não estão preparados.
enroscamo-nos nas nossas camas à noite e esperamos.
é uma espera sem esperança, uma
oração pedindo graças imerecidas.
filme.
os actores são diferentes mas o enredo é o mesmo:
absurdo.
devíamos ter aprendido ao observar as nossas mães.
eles não sabiam, eles próprios não estavam
preparados
para ensinar.
éramos demasiado ingénuos para ignorar os seus
conselhos
e agora adoptámos a sua
ignorância como
nossa.
somos eles, multiplicados.
somos as suas vidas não saldadas.
estamos falidos
de dinheiro e
de espírito.
mas estas oscilam
sobre o precipício
e a qualquer momento
cairão para se juntar
a nós,
os delirantes, os derrotados, os cegos e os tristemente
corruptos.
continente.
as flores abrem-se cegamente no vento fétido,
enquanto o nosso século XXI,
grotesco e em última instância
inabitável,
se esforça por
nascer.
os cães ladram facas
trad. rosalina marshall
alfaguara
2018
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