nós que vivemos graves junto da madeira
velha de nossas casas mastigando
alguns talos de couve mal cozida
e pano de lençol com dentes já usados
nós que transcrevemos as manchas e rasgamos
rascunhos muito antigos e alguns novos projectos
recuperando móveis e faianças
e todas as maçãs onde habitámos
nós que temos cimento ferramentas greves
e um pouco de corelli e um sistema
respiratório e caracteres de imprensa
e um plano geral de arruamentos
e que temos livros e que estamos vivos
podemos construir alguma coisa
vasco graça moura
noite
poesia 1963/1995
quetzal editores
2007
1 comentário:
parabéns pelas lindas palavras de conforto!! Precisamos.
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