IV
E ainda hoje por lá ando a correr
na superfície das manhãs paradas
a gastar-me com os mortos
– e a deixar cair invenções de sombras nas estradas.
Depois perdi as mãos
de tanto escrever no musgo da parede
por baixo dum desenho obsceno inocente:
«Futuro,
deixa-me continuar a ter sede.»
(«Futuro.
deixa-me
continuar a ter sede.»
Vou mandar
desenhar este lema na bandeira
vermelha com o meu
brasão.)
josé gomes ferreira
poesia V
memória – I (1957-1958)
portugália
1973
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