Outra vez por aqui. Vou sentar-me,
já não espero ninguém, é muito tarde,
sempre foi muito tarde e para mim
é escassa a eternidade. Cada sonho
é o último sonho e o céu
deixou de obedecer aos próprios deuses.
Outra vez o deserto. De que música
cerco ainda os teus olhos? Que mentiras
hei-de ensinar ao corpo e à sua
verdade?
Depois de todas as febres do amor
já nem o amor da própria febre. Apenas
um gesto sem memória e o rumor
das ondas.
fernando pinto do amaral
acédia 1990
dominei
poesia reunida 1990-2000
dom quixote
2000
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