X
qualquer outra vida
não esta
qualquer outra existência
não a que nos querem dar
que pela força de sermos nela
sabemos errada
o voo das aves
é em si muito mais
do que o que parece
nós próprios estamos aqui
não para o que nos dizem
mas sim sim
para seguirmos o nosso caminho
caminho que nos foi dado
oferecido
há muitos séculos já
quando ainda sabíamos da vida
quando ainda o nosso corpo
era o nosso corpo
arco vibrante a ligar-nos com
o desconhecido
nós somos da montanha gelada
do lugar esquecido
raiva e maldição
e também amor exaustivo
agora logo sempre
a recusa é nossa só nossa
mas também nosso
é será sempre
o encontro dos corpos que temos
já antigos muito belos
um dia
julho – 1950
mário-henrique leiria
obras completas
poesia
e-primatur
2018
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