19 dezembro 2018

juan luis panero / lenha e cinza



Falamos de sórdida política ou de alguém que acaba de
          telefonar,
das mudanças do dia e das rajadas da nortada,
tudo sem importância ou demasiado importante,
por vezes aborrecido e sem dúvida íntimo, pouco grandiloquente.
Depois de tantos anos conhecermos as perguntas e as suas vagas
          respostas,
mas ainda assim surgem as palavras, que se esfumam
como o fumo dos cigarros ou da lareira.
Impassível como a lenha, indecifrável como a cinza,
assisto à tua remota presença – tão próxima –
e sei que os teus lábios e este copo vermelho
apenas anunciam, reflectem, um tempo de derrota.



juan luis panero
poemas
trad. joaquim manuel magalhães
relógio d´água
2003







2 comentários:

Majo Dutra disse...

'Um Natal Feliz' no 'A Vivenciar a Vida'.

SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

Lindo poema! Parabéns! Meus votos se um Feliz Natal e Próspero Ano Novo! Grande abraço! Laerte.