A tarde estava errada,
não era dali, era de outro domingo,
quando ainda não tinhas acontecido,
e apenas eras uma memória parada
sonhando (no meu sonho) comigo.
E eu, como um estranho, passava
no jardim fora de mim
como alguém de quem alguém se lembrava
vagamente (talvez tu),
num temo alheio e impresente.
Tudo estava no seu lugar
(o teu lugar), excepto a tua existência,
que te aguardava ainda, no limiar
de uma súbita ausência,
principalmente de sentido.
23/4/99
manuel antónio pina
nenhuma palavra e nenhuma
lembrança (1999)
todas as palavras, poesia reunida
assírio & alvim
2012
1 comentário:
Belo poema! Pina é conhecido e muito bom poeta. Boa postagem. Grato pela partilha. Abraço amigo. Laerte.
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