Na orla
da compreensão
está o segredo.
Reconheces não
o seu conteúdo, mas
o facto que está
lá para ser reconhecido.
O pó levantado
por vendedores e dançarinos
lança reflexos no ar calmo
onde fica suspenso
como se nunca fosse pousar.
O segredo
é ainda segredo
não é uma proposição:
está em encontrar
o que liga o homem
à música, aos
ouvintes, ao nevoeiro
no topo do eucalipto,
ao pó descoberto no bocal
e, depois, em viver um
instante
nessa luminosa intercepção,
difundida no centro
como uma aranha branca de
jardim
tão tranquila
que a julgas
ter-se tornado a sua própria
teia,
um deus existindo
apenas na sua criação.
thom gunn
a destruição do nada e outros poemas
trad. maria de lurdes
guimarães
relógio d´água
1993
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