02 novembro 2013

sylvia plath / ovelhas na névoa



As colinas penetram na brancura.
Homens ou estrelas
olham-me com tristeza, desiludo-os.

O comboio deixa um rastro do seu alento.
Oh vagaroso
cavalo da cor da ferrugem.

Cascos, dolorosos sinos...
Toda a manhã
a manhã obscureceu

uma flor abandonada.
Os meus ossos absorvem a quietude, longínquos
campos enternecem o meu coração.

Ameaçam
levar-me para um céu
sem estrelas e sem pai: uma água negra.


sylvia plath
pela água
tradução de maria de lurdes guimarães
assírio & alvim
1990




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