18 abril 2009
sylvia plath / espelho
Sou prata e exacta. Não tenho ideias preconcebidas.
Tudo o que vejo aceito sem reservas
Tal como é, inturvado por aversão ou amor.
Não sou cruel, apenas verdadeira -
O olho de um pequeno deus, de quatro cantos.
A maior parte do tempo medito sobre a parede oposta.
É cor-de-rosa com manchas. Tenho-a olhado tanto
Que julgo ser parte do meu coração. Mas vacila.
Rostos e trevas separam-nos vezes sem conta.
Agora sou um lago. Uma mulher curva-se sobre mim,
Sondando o meu âmbito em busca do que ela é realmente.
Vira-se depois para as velas ou a lua, esses mentirosos.
Vejo-lhe as costas e reflicto-as fielmente.
Ela recompensa-me com lágrimas e um agitar de mãos.
Sou importante para ela. Ela vai e vem.
Todas as manhãs é o seu rosto que substitui as trevas.
Em mim ela afogou uma jovem e em mim uma velha
Ergue-se para ela dia após dia como um terrível peixe.
sylvia plath
leituras poemas do inglês
trad. joão ferreira duarte
relógio d´água
1993
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6 comentários:
Qual é a tua nóia com os espelhos?!
Eu sei que simbolizam o engano e a vaidade e mais uma série de coisas tendencialmente negativas, mas entre a epigrafe que usas com o verso do herberto e este poema da Sylvia Plath, que era uma gaja cheia de nóias, temo que os dias cinzentos desta semana se estejam a entranhar em ti!!! Não leves a mal o comentário, afinal nisto das ficções, qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência...
P.S. De ontem para hoje deixei de ser anónimo porque me entusiasmei com esta coisa dos blogs e decidi fazer o meu próprio, muito arcaico blog, onde tenciono ir colocando a pouco e pouco alguns poemas que tenho feito. Passa por lá! R.
Este poema é lindo1
obg por me o recordares!
bjo grande
Tenho catalogado os blogs de poesias que admiro, um pouco mais de mil, com uma classificação que vai de uma a cinco estrelas.
Não que eu seja uma autoridade, apenas um velho homem com uma caneta e um caderno. Mas dei cinco estrelas para você.
PS.: Não precisa se preocupar com os espelhos. Você os merece.
Beijos do Brasil,
Domingos.
Plath.
Na zdravie!
O reflexo de uma alma turbulenta. Lindos reflexos.
Beijos doces de seu sabor preferido.
Estive por aqui aprendendo um pouco com o seu blog!
Abraço Ademar!!!
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