enchemos de whisky as gloriosas manhãs do passado,
em distraídos suicídios acocoramo-nos
sob os pórticos
cortamos os cabelos outrora banhados ao vento
mortos aos 20 anos gargalhamos sinfonias de mozart
perante o medo insistente de como ele morrer sozinhos
passeamos os nossos cães com uma trela
de melancolia-de-todo-o-mundo
para que nos acompanhem à campa desde sempre desenhada
à nossa espera
como beatnicks ressuscitados encostamo-nos
às estantes dos supermercados
onde uma gaja sem nome regista o álcool
que beijaremos em casa, murchos
junto ao corpo demasiado conhecido da solidão.
no constante confuso silêncio onde por vezes
uma-tosse-feminina-se-ouve-ao-longe-no-final-de-uma-sinfonia.
tatiana bessa
voo rasante
antologia de poesia contemporânea
mariposa azual
2015