Olharei
o mar
das
janelas da minha casa
como
hoje vejo
os automóveis
e
adivinharei
as trovoadas
as tempestades
e
outra vez o sol
e
verei
nas noites de lua cheia
dentro do quarto
como
em pleno dia
e
nesses dias
mesmo
se
não conseguir dormir
eu
ficarei contente
porque
esperarei
então
sentada
diante
da janela
sobre
o mar
que
a luz do dia
venha
e fique
em vez
da luz da Lua
e
quando
o dia tiver sucedido à noite
adormecerei
enfim
sem recear
que a luz do Sol
do dia
seja demasiado
clara
e demasiado violenta
como
receio
que seja hoje
porque
tenho
sempre medo
quando o sol
é muito forte
gosto
da luz
suave
da manhã
da luz
suave da noite
mas
não
da luz
vertical
e
violenta
do sol
no zénite
E conhecerei cada tremular de uma folha sob
o efeito do vento.
Um suspiro, um grito, uma palavra.
pascalle monnier
tradução de miguel serras pereira
sud-express, poesia francesa de
hoje
relógio d´água
1993