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17 fevereiro 2022

león artigas / o luxo dos heróis

 
 
Os dias que vivi bem vividos estão.
De que adianta evocar com tom amargo
a fé desencantada de uma estupida infância,
o logro abandonado de uma infame juventude,
tantos atraiçoados objectivos?
 
Não olharei para trás.
Não olharei para outro futuro.
Implorarei apenas por um clarão
ofuscante de lucidez
para devolver a deus
um cadáver de luxo.
 
 
 
león artigas
(espanha, 1931-1984)
o meu livro de cabeceira é um revólver
dezassete suicidas
trad. jorge melícias
língua morta
2020